Saturday, July 14, 2007

Brasil- 500 years......ou toda nudez foi castigada.....




500 Anos de Brasil
http://www.almacarioca.com.br/caminha.htm
http://www.vidaslusofonas.pt/joao_ramalho.htm
São elas também que pintam, com mão firme, a geometria que se espalha sobre os corpos de rapazes e guerreiros. Tintas preparadas com barro, resinas e sumos de frutas. Portanto pinturas que duram apenas até ao próximo banho. Porque estes índios são muito asseados, chegam a tomar um, dois, ou mesmo três banhos por dia. São muito diferentes dos portugueses, que fedem como os porcos que trouxeram do Reino.

A Terra de Vera Cruz



Um monte “mui alto e redondo”surge no horizonte e a esquadra de Cabral encontra a terra que viria a se chamar Brasil. O comandante ainda irá à Índia antes de voltar a Lisboa, mas o Mar Oceano vai cobrar a conta

Índios a bordo da nau capitânia’’, de Oscar Pereira da Silva (1867-1939): os nativos foram convidados ao navio de Cabral sete dias depois do descobrimento

A Primeira Missa, �leo de Victor Meirelles. � direita, �ndios serrando pau-brasil em atlas ilustrado por Johannes van Keulen, em 1683: a explora��o da madeira e o novo nome vieram muito depois de Cabral

‘‘E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buchos. Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome — o Monte Pascoal, e à terra — a Terra de Vera Cruz.’’

Pero Vaz de Caminha



Quarta-feira, 22 de abril de 1500. Primeiro, foram os pássaros. Um bando de fura-buchos, de pernas alongadas, espécie de garças marinhas. Onde há bichos, há terra. Passavam das três da tarde quando o horizonte deixou de ser céu e mar. Os marinheiros pousaram seus olhos sobre um monte alto e redondo. ‘‘Terra à vista !’’, o gajeiro gritou.
Em homenagem à Páscoa, ocorrida há três dias, o comandante Cabral batizou o monte, de Pascoal. Atrás dele, ao sul, estão outras serras mais baixas e mais distantes. Na frente, há um enorme campo, uma planície que se debruça sobre o mar, ora em escarpas avermelhadas, ora em praias de areias brancas e finíssimas. E aquilo tudo passou a se chamar Terra de Vera Cruz.
Os marinheiros comemoraram a vista do chão firme. Enfim poderiam descansar, fazer aguada — reabastecer os estoques de água doce e comida. E, principalmente, dormiriam cheios de orgulho. São os descobridores de um novo mundo.
Cabral mandou os marujos lançarem o prumo, instrumento feito de linha e peso, usado para medir a profundidade. Ali, o mar é fundo. Acharam vinte e cinco braças, quase 50 metros — uma braça são 1,83 metros. Em seguida, os barcos navegaram mais um pouco na direção da costa, até que a seis léguas da praia, com o sol já posto, o comandante ordenou que as âncoras fossem lançadas.
Ali, o fundo do mar de é acolhedor. A ancoragem foi fácil, ‘‘limpa’’ como anotou Pero Vaz de Caminha. Os barcos permaneceram ancorados durante toda a noite iluminada pela lua mingüante. Os tripulantes dormiram cedo, felizes, convencidos de que na manhã seguinte pisariam num Novo Mundo. E pisaram.

Ana Beatriz Magno, da equipe do Correio

No fim, o esquecimento

Pedro Álvares Cabral e seu milhar e meio de tripulantes ficarão na terra recém-encontrada até o sábado, dois de maio de 1500. Quando partirem, depois de rezar duas missas e confraternizar com os nativos, levarão alguns tripulantes a mais e a menos: ficarão em terra dois degredados e dois grumetes desertores, mas embarcarão nos navios três destemidos tupinambás.
Um deles chegará a Portugal a bordo da nau de Gaspar de Lemos, mandada de volta com 80 tripulantes, muitas cartas — entre elas a de Pero Vaz de Caminha ao rei d. Manuel I — e um sortimento de lembranças da terra encontrada: toras de pau-brasil, araras, arcos, flechas, cocares e pedras.
Os outros dois índios não terão a mesma sorte. Morrerão afogados ao largo do Cabo da Boa Esperança, na costa africana. A caminho das Índias, seu destino original, a esquadra encontrará violentíssima tempestade no dia 23 de maio.
Três naus e uma caravela vão naufragar. Cabral perderá os dois tupinambás e mais de 300 homens, entre eles os comandantes Aires Gomes, Simão de Pina, Luís Pires e — ironia das ironias — Bartolomeu Dias, o extraordinário navegador que dobrara o Cabo da Boa Esperança pela primeira vez há 13 anos. O Mar Oceano vinga-se do Capitão do Fim.
Cabral, com os navios remanescentes, chegará à Índia em setembro de 1500, mais de seis meses depois da partida de Lisboa. Ficará três meses em Calecute, o porto aonde Vasco da Gama chegara dois anos antes. Num ataque dos inimigos árabes, morre Pero Vaz de Caminha, o autor da carta que descreve o achamento do Brasil.
Mas os portugueses conseguirão negociar um grande carregamento de especiarias com o rajá de Cochim, rival do soberano de Calecute. Com os porões abarrotados de pimenta, gengibre e canela, e tendo fundado uma feitoria em Cochim, Cabral decide voltar. Perde mais um navio no caminho, e, finalmente, entre junho e julho de 1501, os cinco barcos sobreviventes da armada que deixou Lisboa em março de 1500 entrarão no Tejo (mais um barco se desgarrou)
É um triunfo para o comandante Pedro Álvares Cabral. Mas dura pouco. O rei o recebe em seu palácio de verão e ele ganha uma pensão anual de 30 mil reais. Mas não voltará ao mar.
Por motivos ainda hoje obscuros, Cabral cairá em desgraça. Não embarcará na nova esquadra enviada às Índias em 1502 sob o comando do almirante Vasco da Gama. Sabe-se dele apenas que viverá em Santarém, distante do mundo e da Corte, até morrer, provavelmente em 1520. Pedro Álvares Cabral, o Esquecido, morrerá apenas um ano antes do rei d. Manuel I, o Venturoso.

Armando Mendes, da equipe do Correio Web

Diário de bordo

POR ENTRE DUAS ÁGUAS ATRAVESSEI A VIDA........

Família de Chefe Camaca (Debret), Biblioteca Nacional

Joao Ramalho escreve:

É o que eu temia: Vossa Reverendíssima já começa a benzer-se e a apostrofar-me por ter caído eu em pecado mortal, que é o da fornicação e luxúria. Segui o ditado em Roma sê romano e confesso que, entre os índios, índio fui. Para eles, pecado é recusar o que a natureza prazerosa manda colher. Vossa Reverendíssima escandaliza-se com a nudez das mulheres nativas e desvia os olhos para não mirar aquilo a que chama suas vergonhas. Mas se malícia existe não será nelas, pois com inocência revelam os corpos que Deus lhes deu, tal como vós mostrais a nudez das vossas mãos. E mais vos digo que assim desnudas são elas mais discretas e modestas do que as ataviadas damas do Paço e nem sequer estou a compará-las com as marafonas que, vestidas da cabeça aos pés, andam em requebros pelas ruas de Lisboa. Quanto ao relacionamento que estas índias têm com os homens, procedem elas com a mesma naturalidade e prazer com que se refrescam e matam a sede com a água de coco.

Uma coisa de comum têm as nativas com as reinóis: a vaidade.
http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup19742,0.htm
Pela manhã, as

âncoras foram lançadas à boca de um rio. Entre sete e oito homens apareceram na terra. "Parados, nus, sem coisa alguma"

O registro mais preciso da descoberta do Brasil é a Carta de Pero Vaz de Caminha. Nela há a discrição da viagem entre Lisboa e o litoral baiano. Depois de dias navegando , a 21 de abril de 1500 os marujos estavam eufóricos, corriam para a murada das naus, com intuito de descansar a vista sob al-gum ponto de terra no horizonte. Os lusitanos encontraram no mar algas chamadas de botelho ou rabo de asno, numa quantidade muito grande. Foram 44 dias de uma jornada mar adentro, em busca de um novo mundo. A Quarta-feira, 22 de abril de 1500, foi abençoada pelo aparecimento de gaivotas que os homens chamam de fura-buchos e são sinais certos de continente próximo.

Pero Vaz de Caminha narra: "Neste mesmo dia, a horas de véspera (período de entre 15h e o pôr do sol), houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, mui alto e redondo, e de outras serras mais baixas ao sul dele (...)." A terra plana com seu denso arvoredo chamada de Terra de Vera Cruz. O monte avistado pelo capitão Pedro Álvares Cabral foi chamado de Monte Pascoal, pois a Páscoa havia sido celebrada no domingo anterior.

Acompanhe como foram os primeiros dias na nova terra descoberta.

Fura-bucho e uma gaivota.

No comments: